Decisão reflete desgaste nas relações diplomáticas após aproximação brasileira com Moscou
A Ucrânia decidiu não nomear um novo embaixador para o Brasil, aumentando a tensão diplomática entre os dois países. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, optou por deixar a embaixada em Brasília sem representação de mais alto nível, alegando insatisfação com o posicionamento do governo de Luiz Inácio Lula da Silva em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia.
A embaixada ucraniana está sem embaixador desde junho, quando Andrii Melnyk deixou o cargo para assumir funções na ONU (Organização das Nações Unidas).
Recentemente, Zelensky anunciou a indicação de representantes para 16 países, mas o Brasil ficou de fora da lista, sinalizando um claro desconforto diplomático. A ausência de um representante formal compromete o diálogo direto entre os países em momento de crise internacional.
Fontes governamentais ucranianas afirmam que a postura do Brasil, especialmente após visitas de Lula a Moscou e declarações consideradas ambíguas sobre o conflito na Ucrânia, foi determinante para o afastamento.
A decisão acendeu um alerta no Itamaraty, embora o governo brasileiro negue crise e afirme que as relações entre Brasil e Ucrânia continuam normais, ainda que com baixo nível de interlocução oficial neste momento.
Nos bastidores diplomáticos, o fato de um país não nomear embaixador para uma determinada nação é visto como recado claro de insatisfação. A medida ocorre após o Brasil ampliar o diálogo com a Rússia e adotar tom conciliador sobre o conflito bélico iniciado em 2022. Tentativas recentes de aproximação, como uma possível reunião entre Lula e Zelensky na última cúpula do G7, não se concretizaram devido à incompatibilidade de agendas.
A postura adotada pela Ucrânia escancara o quanto o Brasil tem se distanciado dos principais debates da política internacional, tornando visível um certo isolamento diplomático. Em um cenário global marcado por conflitos, alianças estratégicas e disputas de narrativas, o momento exige do Itamaraty uma atuação mais firme, equilibrada e conectada com os novos desafios geopolíticos. Reavaliar caminhos e reconstruir pontes pode ser essencial para que o Brasil recupere relevância no cenário internacional e volte a exercer um papel de liderança nas decisões globais.
